
Quisera eu um carro meu, velho, com gasolina suficiente pra não parar nem pra dormir na estrada. Botaria meu carro no piloto automático e iria pra onde Ele, o carro, quisesse me levar. Sem compromisso, sem horários, sem satisfações pra dar, sem ninguém que nos fizesse voltar. Eu quero é seguir, correr em busca de um lugar de nome Meu, quero que o Amor com extrema sinceridade me ensine que por melhor que seja tê-lo ao redor, um dia só restará Solidão a me acompanhar.
Confesso que não estou pronta, não pintei ainda as paredes do meu quarto sem pincéis, não saí escrevendo a casa inteira com caneta permanente, não aprendi os nomes das ruas da minha cidade, não sei cozinhar, cantar, ou desenhar; gastei o tempo em que podia aprender essas coisas, dançando. Não magoei seriamente ninguém, nem dei aulas gratuitas de balé para crianças carentes; voar de asadelta, aprender a surfar, dormir 24h direto, sair por aí com nada além de uma máquina fotográfica em mãos? Nada disso fiz; falta muita coisa.
Insisto em pular capítulos da minha vida, como ao assistir um dvd, incapaz de apertar o botão 'avançar' na menor velocidade possível. Ainda quero aprender a dançar música lenta, forró, dançar a dois; dançar sozinha? sei bem como é. Faço meus passos, ouço minha música, olho no espelho e me vejo, dançando.
Quero, do verbo já não tenho mais tanta certeza se vou conseguir; presente de desistir que insiste em tomar todos os tempos verbais da palavra ideal que é querer.
Infelizmente não vai ser hoje nem amanhã, nem pretendo planejar qual será o dia em que estarei no meu carro, velho, sem rumo, completamente vazia de planos, seguindo em uma só marcha; preciso antes, aprender a dirigir.
2 comentários:
Meu pai sempre diz que quando ele era jovem a musica modinha da epoca dizia que 'quem sabe faz a hora, não espera acontecer'. Dai ele tirou toda a filosofia de vida dele durante a juventude, não se deve esperar, não se deve andar devagar, o que se deve é andar a quinhentos por hora pra chegar logo no destino, e muitas vezes ele diz que perdeu a viagem, deixou de apreciar o passeio que é a vida. Hoje ele diz que a música que o inpira diz que 'devagar a gente chega no compasso do Criador, a gente chega nas estrelas, chega aonde quiser, só nao chega se acabar a nossa fé'. É dificil ver que nós somos jovens demais pra nao sair por ai com um carro, conhecendo o mundo explorando a vida. Ficamos sempre focados numa coisa unica, e perdemos o que esta em volta. Talvez o melhor seja escutar meu pai e o seu texto mesmo (:
grande beijo, parabens pelo texto
Ontem meu texto era esse, hoje consigo claramente ver mudanças pequenas que gostaria de fazer nele e que trocariam minha música modinha que inspira a escrever.
Lembrança detalhada a sua, do jeito que eu gosto :)
Obgrigada, de vdd; a propósito, comecei a aprender a dirigir esse verão!
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