segunda-feira, 14 de março de 2011

Distante

Ele sabia que não era certo, mas não tinha certeza se estava errado.
Era a única saída. Estava sendo injusto com todos que o amavam, com todas as possibilidades que a vida poderia lhe oferecer e o que ele faria delas.
Nesse não tão singelo momento só conseguia pensar em si mesmo. E pra que viver pensando nos outros quando a vida vivida é sua? A realidade caiu, sem dó mas cheia de auto-piedade. Uma mistura homogênea de raiva, decepção e ódio. Totalmente sem gosto.
Aquele pensamento não tinha fundamento. Só estava presente na maioria dos livros e filmes dramáticos. Caindo no clichê novamente _ pensava o inFELIZ.
Por que em determinado momento da vida essas pessoas se afogam no devaneio de botar um fim em tudo?
Covardia de viver pra ver. E lá vem mais uma mistura, dessa vez heterogênea, dor e amor sem esquecer do famoso 'vazio'. Ele simplesmente não conseguia se livrar desses pensamentos.
O que havia de errado afinal? Tão novo, tão "cheio de vida", tanto ainda o que conhecer...
Que pena.
Conselho de quem narra a história de mais um habitante do mar do esquecimento: não tente se pôr no lugar dele.

sábado, 5 de março de 2011

Maresia

Chegando a praia senti mais uma vez areia queimando sob os pés descalços. Sentei em uma das cadeiras de plástico da skol debaixo da barraca e não pensei em nada, passava de tudo, nada passava. As ondas se formavam mais altas que o esperado pra quem não sente muita atração pelo mar, as pessoas pareciam alegres e previsíveis, sempre alheias a qualquer acontecimento além do próximo mergulho que dariam. Eram coordenadas precisas que davam em lugares parecidos, próximos, a maioria dos caminhos se cruzando constantemente. Encontros e desencontros, casos e acasos, leitura que fiz.
O mar convidativo me chamando, tentativa um de responder ao chamado frustada, tentativa dois meio correspondida. Nada melhor que sal no cabelo, vento na cara, sim na cara, ondas vindo de tudo quanto é lado e o melhor, um bando de estranhos ao redor. Sentei de novo na cadeira da skol (porque sempre da skol ?) peguei minha música e me tornei mais uma alienada em meio à alienígenas.
Dormi na praia, na cadeira especificamente amarela, da skol, despreocupada, desengonçada, pensando em você, em como a praia teria sido melhor, você comigo, eu e você.